Em Los Angeles, fiz uma ronda nos velhos bares da vizinhança à procura de Jan. Não obtive qualquer sucesso antes de encontrar Whitey Jackson, que estava trabalhando atrás do balcão do Pink Mule. Ele me disse que Jan estava trabalhando como camareira no Durham Hotel na Beverly com a Vermont. Fui até lá. Eu procurava pelo escritório da gerência quando ela saiu de um dos quartos. Estava com uma boa aparência, como se esse tempo longe de mim lhe tivesse feito bem. Ela então me viu. Não fez nada além de ficar onde estava, parada, apenas seus olhos foram ficando maiores e mais azuis. Até que ela disse:
- Hank!
Correu em minha direção e nos abraçamos. Beijou-me com loucura, que tentei retribuir.
- Por Deus - ela disse -, achei que nunca mais fosse ver você!
- Voltei.
- De vez?
- Minha cidade é L.A.
- Afaste-se um poucp - ela disse -, deixe-me ver você.
Dei um passo para trás, um sorriso aberto no rosto.
- Você está magro. Perdeu peso - Jan disse.
- Você está ótima. Está com alguém?
- Não.
- Não há ninguém mesmo?
- Ninguém. Você sabe que eu não suporto as pessoas.
- Estou feliz que você esteja trabalhando.
- Venha até meu quarto - ela disse.
Fui atrás dela. O quearto era muito pequeno, mas tinha um quê de agradável. Você podia olhar o tráfego lá fora pela janela, ver o semáforo mudar de cor, o garoto vendendo jornal na esquina. Gostei do lugar. Jan jogou-se na cama.
- Venha, deite aqui do meu lafo - ela disse.
- Estou constrangido.
- Eu te amo, seu idiota, nós já trepamos umas 800 vezes, então relaxe.
Tirei meus sapatos e me estiquei na cama. Ela ergueu uma das pernas
- Continua gostando do que vê?
- Claro que sim! Jan, você terminou seu serviço?
- Sim, com exceção do quarto do sr. Clark. E ele não liga muito pra isso. Ele sempre me dá gorjetas.
- Jan...
- Sim?
- A passagem de ônibus me deixou pelado. Preciso de um lugar pra ficar até arranjar um emprego.
- Posso esconder você aqui.
- Sério?
- Claro.
- Eu te amo, baby - eu disse.
- Cretino - ela respondeu.
Começamos a fazer amor. Estava uma delícia. Uma verdadeira e genuína delícia.
Depois que terminamos, Jan se levantou e abriu uma garrafa de vinho. Abri meu último maço de cigarros e sentamos na cama para beber e fumar.
- Você está todo lá - ela disse.
- Como assim?
- Digo, nunca conheci um homem como você.
- Ah, é?
- Os outros chegavam só uns dez ou vinte po cento lá, você está lá inteiro, você todo está bem lá, é tão diferente.
- Não sei do que você está falando.
- Você tem um gancho, você prende as mulheres.
Aquilo fez eu me sentir bem. Após terminarmos nossos cigarros voltamos a fazer amor. Então Jan me mandou ir buscar mais uma garrafa. Retornei. Eu tinha que retornar.
Ver o passado, como se previsse o futuro.
E querer vivê-lo, e querer evitá-lo.
E ter de esperar, pra esperá-lo.
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